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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

QUER "MUMÚ"? COMPRE UMA VACA - Pedal de quinta: o relato

Acredito que Chico Science ao compôr “Da lama ao caos” deva ter se inspirado em uma pedalada ao estilo da que fizemos na última quinta feira (2/dez/2010). Observando que o caos era justamente nosso objetivo e a lama era a nossa única certeza. O primeiro trecho de aproximadamente 20km era garantia de um lamaçal sem tamanho algumas poucas horas depois de nada menos que 9mm de chuva em um pouco mais de 1h.




A galera queria emoção e se jogou com tudo e, assim, conseguiu. Pra passar da Av. Cidade de Lisboa até o marco do Passo da Michaela, primeiramente, cruzamos o maior enxame de mosquitos que eu já vi na vida. Não havia como se comunicar com os companheiros sem comer alguns. Eram milhaaaares deles. Parar de pedalar era algo impensável e sem a menor lógica, a não ser se o “vivente” quisesse aliviar algum peso em litros de sangue e talvez assim as pedaladas rendessem mais.



Passados os mosquitos veio a lama. Meu Deus do céu. Era um entreveiro de gritos apavorado dizendo “não rende”, “bah, loco”, “deeeus o livre”, “ahahahah”, “sanguenozóio”, “dááálhe” e por aí adiante....









Passamos por uma propriedade em que o “tiozinho” tava fazendo um feijãozinho e nos deu alguns litros de água. Ficou contente com a visita inesperada de dez ciclistas onde sequer passava uma vaca.



Aos gritos de “vai Martinha”, te concentra Martinha” fomos até o arco de entrada do Passo da Michaela na BR 392 Pelotas-Cançuçu. Sábios foram os que seguiram pela esquerda onde o Diogo afirmava que o chão estava “bem durinho”. Risadas ao especificarmos o referencial adotado pelo colega.




Da BR 392 adiante era o paraíso comparado ao terreno que estávamos subindo na base das patinadas, onde pneus com cravos viravam “slick” em poucos segundos.

Batemos as sapatilhas e tênis no asfalto, deixamos alguns quilos de barro na estrada e subimos mais um trecho em direção a Pedreira do Silveira, no Monte Bonito. Ali tinha um bar e dois xirús proseando em meio ao silêncio absoluto daquele início de serra. Parar para reabastecer era uma boa idéia. Ótimos anfitriões foram o seu Romer (dono do bar) e o Saimon que em meio aos seus redondos goles permitiram que sujássemos o piso do bar para pegar uma água gelada e um refrigerante.







Prosa vai e prosa vem, o tempo passa rápido e já beirava as 22:30 ou 23h quando o jeito era tocar adiante morro abaixo até a Av. 25 de Julho. Dali adiante o ritmo intensificou, o chão já era batido a marcha mais pesada nos levava a uma média superior a 25km/h. Nas primeiras descidas a galera soltou o freio geral e lá embaixo contamos 9 ciclistas. Cadê a Martinha?!? Bora subir o morro e buscar a ovelha desgarrada. Lá em cima estava ela. Tinha entrado numa curva que jamais imaginei existir e a trouxemos de volta ao bando sã e salva. Quando a galera engrenava em um ritmo constante acontecia alguma coisa. “Peraí, caiu o farol”. Otávio empresta o dele que tinha a mais. Peraí, tem dois mais atrás, segura o ritmo. Emparelhavam com o resto e toca pra frente. Peraí, olha que vista linda. Temos que olhar e contemplar alguns segundos. Peraí, arrebentou a correia, Deeeeeus o livre. Trabalho em equipe e ta feito o conserto. Galera previnida é outra coisa. Valeu Vinícius pela chave de correia. Valeu Diogo pela alicate. A esposa do Mateus apavorada ligando e dizendo que estavam todos preocupados enquanto a gente quase chegava e se divertia com os relatos dos incidentes de nossa empreitada.




O que será que faz 10 seres humanos se divertirem tanto assim? Tudo isso, ora bolas. Imagine se não houvesse nada acontecendo e o passeio rolasse completamente conforme o esperado. MTB é surpresa, dificuldade, superação e conquista. Graças a isso que temos tantas emoções e experiências a mais pra contar em casa e pros nossos filhos, além de reforçar cada vez mais os laços de amizade e espírito de cooperação. Todos se estimulam, todos se ajudam, todos por todos!!! Quanto maior é a dificuldade, maior é o aprendizado. Assim a gente cria mais e mais laços tão fortes entre amigos tão recentes e que dividem tamanha cumplicidade em um tempo incrivelmente reduzido.
Mais uma vez o nosso pedal de quinta foi um sucesso. Obrigado a todos por mais uma noite emocionante fazendo algo que ajuda a fazer renascer as crianças que a gente, pelos acasos da vida, pensou que deixamos de ser.

MTB é o que há!!!! Quinta que vem tem mais sanguenozóio!!!

4 comentários:

  1. "Observando que o caos era justamente nosso objetivo e a lama era a nossa única certeza."

    PERFEITO! Foi exatamente o propósito! Sair do meio da burocracia escolar e cair na lama (mas não caí... saco!)

    Resumo: ONTEM VOLTEI A MINHA INFÂNCIA - mas em horário adulto. heheheh

    ABRAÇÃO!
    Clássica: quem não foi, perdeu.

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  2. IRADOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!
    Adorei as fotos e o relato.
    O grupo Pedal Curticeira esta sendo um aprendizado a todos nós!
    São emoções, lugares lindos, momentos que só quem faz parte pode sentir na pele.
    Um grande beijo a todos e até o Pedal de Sábadooo

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  3. Ae curticeiros!!

    Pelo visto esse foi barronozóio e não sanguenozóio!! hahaha

    Adorei também ...e faço das palavras da Lili as minhas!!

    Bjs e hoje temm!!!! PEDALAAAAA

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  4. Galera, aqui em Chapeco-SC fazemos muitos desses noturnos, tambem, o que rende muitas historias. E um parceiro que se perde, outro que fica sem gas, e assim vai. Pedal de noite e muito diferente do diurno. So tem que cuidar pra nao topar com o Lobisomem do Arvoredo !
    De Gerson

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