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terça-feira, 7 de setembro de 2010

O DEDO DO CERRO

São Pedro as vezes provoca a paciência humana, talvez para verificar até que ponto somos capazes de controlar o anseio por executar aquilo que nossos corações instintivamente nos impulsiona. Sedento por um estradão há mais de uma semana em razão de uma guinada no sentido da vida que acabou por me trazer de volta a terra que me adotou desde minha adolescência, eis que após muitos dias chuvosos amanhece um ensolarado domingo. No cardápio, novas opções de deleite, no entanto, não disponho mais de morros tão altos e altivos aqui nesta transição entre a Serra Geral e a Planície Costeira como os que dispunha em terras catarinenses. Aqui a terra fértil da serra se encontra com a areia salobra da planície costeira, resultado de um ancestral recuo do mar, restando entre Pelotas e o litoral um grande resquício deste dinamismo: a Lagoa dos Patos.


Por alguma razão busquei neste primeiro pedal encontrar um ponto alto, um conhecido Cerro situado a cerca de 25km do centro de Pelotas e que desde 1982 pertence ao emancipado município de Capão do Leão, berço da segunda maior serra granítica do mundo. Uma seqüência de 7 elevações com base de granito compõem o conhecido Cerro das Almas, onde foi instalada a chamada pedreira do Silveira, ponto de extração mineral que é a segunda principal atividade econômica da cidade, perdendo apenas para a agricultura. Lá está uma conhecida pedra que os populares se referem como o “dedo da moça”.

Trevo de acesso ao Capão do Leão: ao fundo a pedreira municipal.


Em relevo predominantemente plano me toquei solitariamente ao Cerro das Almas para avistar a cidade de forma panorâmica, parte de um ritual pessoal de benção a este chão.

Vale ressaltar a receptividade das pessoas que faziam questão de cumprimentar este que vos escreve e vestia traje pouco convencional em terra onde o ciclismo ainda é pouco disseminado. Também reparei o número considerável de cavaleiros que, solitários ou em pequenos grupos, tomavam as ruas e estradas. Sua expressividade deve-se a proximidade da semana farroupilha, embora em outras épocas e, em número mais reduzido, seja comum este tipo de meio de condução.



Enfim o estradão de chão batido chega e posso desfrutar de uma mistura de saudosismo por pedalar novamente nos meus pagos de origem e pela saudade dos companheiros de pedal que naquele exato momento deviam estar percorrendo o Desafio Jovem, conhecido percurso dos pedalantes de MTB da Grande Florianópolis. Meus pensamentos eram uma mescla das memórias de aventuras lá vividas com os prenuncios do que ainda há de acontecer pela Zona Sul deste estado que me criou e novamente me recebe de braços abertos. Aspirava sobre os amigos que por ventura me acompanharão por estas estradas e tantas indiadas que nos aguardam, aspirava por conhecer tantos lugares que ainda não fui, degustar tantos sabores ainda não provados por estas colônias povoadas por descendentes de imigrantes alemães no século XVIII que predominam nesta porção da Serra dos Tapes.

O início do Cerro das Almas: com atenção se observa o "dedo da moça".


De subidas mais consideráveis, somente encontrei nos arredores da Pedreira do Silveira, mais especificamente na base do morro em que percorri um caminho ao seu redor até adentrar uma pequena “single track” que me conduziu a um espetáculo panorâmico que permite avistar com clareza a cidade de Capão do Leão e de Pelotas. Então, mais um filme me passa pela película da memória.

Trilha lateral de acesso ao morro.

Entrada da pedreira.


A Soraya e o "dedo".




"Single Track"


Planície Costeira.


Momentos de contemplação e novamente me encontro com o caminho de volta pra casa. Lindo passeio de bike mesmo com o castigo que o vento impunha. Sei que muitos lugares e surpresas me aguardam nesta nova fase de cicloaventuras e tão breve possa, estarei relatando-as com um quê de poesia e paixão.





Aguardem!!!

7 comentários:

  1. Tcheeeeee

    um "baita" pedal, pra começar as pedalanças por aí.

    show de relato.
    Por aqui, hoje, subi Morro da Antena, single track até a Trilha do Alemao Nazista, e sai no condominio do Guga, morro da Lagoa.

    16 km, 3 horas tempo total, 2 horas pedalando, em 14 cabeças.

    Abraços, boas pedaladas, e abre caminho para nós.

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  2. Que show de relato!

    Não vai chorar aí rapaz! Relato emocionado e cativante.

    Sucesso garoto!

    Rodrigo
    (Fiquei no quarto em Urubici contigo)

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  3. Muito bom galdério! Seu relato é um passaporte para embarcarmos juntos nas suas aventuras, é poesia e também uma envolvente aula de geografia.
    Cicloabraços e bons ventos.
    Alessandro

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  4. joao paulo ciclovil bike8 de setembro de 2010 às 08:46

    e ae galo velho ja to louco pra fazer esses pedais que estas a descrever para todos e é obvio degustar o churrasco do galo vlho teu pai...hahaha
    parabens mano maior saudades e pode arruma um quarto que em breve to ai pra nois detona ,abraço

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  5. muito legal a tu escrita!
    e a tua volta!
    beijo, liza

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  6. Essa foto tá mto massa!!! Bjão

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